Esse vai ser só para os leitores fiéis e pacientes, porque ficou grande demais! Foi mal! kkkkkk
Um amigo (quer dizer, se é que eu posso chamá-lo de amigo ainda... pq ele anda desnaturado demais :-p) me disse que meu post sobre ter meu coração partido foi deprê. Bom, primeiro que não dá pra falar de coração partido sem um tonzinho triste mesmo kkk Mas eu achava que tinha sido justamente o contrário, que eu tinha conseguido passar o quanto estava me sentindo consolada e animada apesar do pé (que afinal, até um pé na traseira te impulsiona pra frente hihi). Enfim, falo isso neste começo para dizer que quando falo de dificuldades não é pra passar uma imagem deprê, mas sim na esperança de que sirva de ajuda para alguém, essa minha Prisciologia - que vem de experiências próprias e que espero que seja útil para outras pessoas também (principalmente para os pacientes que pretendo ter a partir do ano que vem, aqueles que me deixarão rica, com ctz heheheh brincadeirinha).
Dito isso... vamos lá!
Essa semana eu pensei muito em frustração. De acordo com o
Dicionário Michaelis (o primeiro que apareceu no Google), a palavra frustração significa:
frustração
frus.tra.ção
sf (lat frustratione) 1 Ato ou efeito de frustrar. 2 Psicol Negação de uma satisfação pela realidade (os estados de frustração são normalmente acompanhados de reações agressivas).
Gostei da definição psicológica (embora seja suspeita pra falar e ah, as minhas reações agressivas estão relativamente controladas kkkk), a gente se frustra quando a realidade nos nega a satisfação que a gente quer. Ou seja, é aquele sonhar que está voando pelo mundo e acordar pra descobrir que mal consegue sair da cama. É aquele momento que você queria ter um tempo pra si e ao invés disso tá resolvendo os pepinos do trabalho. Aquela hora em que tá sonhando em relaxar uns dias na praia mas está a Kms de distância, com uns 300 mil textos da faculdade para ler. É aquele kilo a mais na balança que não quer ir embora, o silêncio que você quer para dormir e não encontra porque a sua vó tá assistindo novela no volume 90 da tv, é a dor de querer quem não te quer, o cair a ficha de que você vai chegar aos 30 recém formada, solteira e trabalhando como uma camela ao invés de já ser uma profissional bem sucedida ou uma madame de casa rica ou pelo menos alguém que já pague impostos e tenha um namorado. kkkk É muito frustrante quando a gente tem aquela vontade enorme de aprender a cozinhar, ter uma horta, abrir um negócio, costurar suas próprias roupas, falar uns 5 idiomas, ajudar na paz mundial e não consegue nem ao menos arrumar seu próprio guarda roupa.
A frustração vem quando recebemos um chamado na Igreja e começamos com tanto ânimo e fé e logo descobrimos como O Senhor é mesmo perfeito de respeitar o livre arbítrio dos Seus filhos com tanta paciência e misericórdia, porque é frustrante demais lidar com as escolhas das pessoas a quem tentamos servir. Acontece quando queremos dar o melhor no nosso emprego e não conseguimos encontrar soluções para os problemas. Enfim... acho que já ficou bem exemplificado as muitas maneiras que essa vida tem de frustrar a gente, né?!
Eu tive uma experiência muito dolorosa para aprender a lidar com as minhas frustrações.
Quando fui chamada para ser missionária (para quem não é da Igreja, esse link explica um pouco o que é o serviço missionário) fazia anos que eu estava me preparando para a missão. E uma parte importantíssima desse meu grande sonho era o momento em que eu abriria o meu chamado. Sempre imaginei como seria (no youtube tem vários vídeos de pessoas abrindo seus chamados, é bem bonito, bem legal.). Por algumas razões específicas, meu chamado não tinha chegado mas o meu presidente de estaca tinha recebido um email informando para onde eu ia. Pra poder começar logo os preparativos da minha ida (e também matar a curiosidade), minha família me convenceu a receber uma ligação do Presidente ao invés de esperar a carta com o chamado. Eles pediram umas pizzas, reunimos todo mundo e estávamos aguardando a hora do Presidente ligar.
Mas eu me senti péssima. Não era daquele jeito que eu tinha sonhado. Eu não queria descobrir daquela forma. Entrei no meu quarto angustiada. Chorei (pra variar kkk). Abri uma escritura, que infelizmente nunca mais lembrei qual era. Mas naquele momento algo me veio muito forte na mente, uma frase que eu nunca mais esqueci: "Pare de idealizar as coisas, porque nada na sua missão vai ser o ideal".
Coitadinha do meu eu de 21 anos kkkk mal sabia o quanto aquela frase ia se concretizar. Embora eu tenha amado minha missão e tenha tido muitas alegrias e momentos maravilhosos nela, foi muito, muito, muuuito mais difícil do que eu imaginava. Para mim, era de verdade muito FRUSTRANTE estar ali para ajudar pessoas que muitas vezes não queriam a minha ajuda. Caí em uma depressão profunda. Tinha a mente e o emocional muito fracos para suportar aquela frustração. Descobri da maneira mais dolorosa possível, que é impossível amar ao próximo como a ti mesmo quando você não ama a si mesmo (já falei aqui da minha longa jornada pelo meu amor próprio e posso falar mais em outros posts, por enquanto basta dizer que na época ele era inexistente e hoje ele finalmente está aqui! ˆˆ). Nada na minha missão foi ideal. Inclusive o tempo. Eu sonhei tanto em fazer 1 ano e meio de missão, com 1 ano e 1 mês fui mandada para casa, por não ter condições de trabalhar. Foi a época mais difícil da minha vida. Foi a pior coisa da minha vida. A pior dor. A pior frustração.
Porém, foi uma dor que me forçou a procurar por ajuda, principalmente do Senhor. Me fez encarar "demônios" dos quais eu há muito tempo vinha fugindo. Me colocou no início daquele caminho em busca do amor próprio. Me deu um "treinamento-intensivo-estilo-militar" na arte de saber lidar com as frustrações. Primeiro fiquei perdida. Tinha passado anos em função de realizar aquele sonho e agora que ele havia sido frustrado, pra onde é que eu ia? Pouco a pouco O Senhor foi me mostrando a direção. Me tratei, trabalhei, estudei. Encontrei novos desafios e aprendi com eles também, dessa vez mais preparada, mais madura, mais forte. Menos "frustrável".
Por muito tempo falar de missão ainda era muito doloroso. Sentia como se eu não tivesse feito missão nenhuma. Achava que era uma impostora quando precisava dizer que era uma ex-missionária.
No entanto, muitas experiências - sagradas demais para escrevê-las publicamente, me ajudaram a ter a confirmação de que O Senhor havia aceitado minha pequena e falha oferta. As feridas começaram a cicatrizar, a dor foi dando lugar a uma paz indescritível. Se esse tivesse sido o final da história já teria sido o suficiente pra mim. Mas O Senhor é tão bom que Ele preparou uma continuação inusitada. Por um tempo a ideia de voltar para missão me perseguiu como um fantasma chato. Tinha épocas em que estava obcecada por isso. Pelo menos uma missão de curto prazo me faria sentir melhor, pensava eu. Mas com o tempo fui dizendo ao Senhor que não queria insistir no assunto só pra sarar meu orgulho ferido. Missões de curto prazo acho que estão menos comuns pelo aumento no número de missionários de tempo integral. Pela faculdade eu só teria a época das férias pra isso. Por um ano eu orei para que se fosse a vontade do Senhor, que Ele abrisse o caminho para que aquela minha vontade estranha acontecesse.
Nesse meio tempo, encontrei com o Presidente Brum - presidente da Missão Ribeirão Preto, onde moro - duas vezes. Para resumir a história (que o post já tá ficando gigante), na segunda vez eu falei com ele em um domingo, na quinta ele me mandou mensagem que eu poderia ir na sexta. E foi assim que eu me tornei novamente a Sister Takasaki, servindo em São José do Rio Preto e depois em Ribeirão Preto, por três doidos e maravilhosos meses. Posso falar muitas coisas desse tempo, para o propósito desse post em específico só vou dizer que para mim foi uma prova muito clara de que Deus conhecia o meu coração. De que Ele me ama e me deu algo que eu desejava muito para me mostrar que as frustrações fazem parte de um caminho que muitas vezes pode parecer tortuoso mas nos eleva para caminhos mais retos e abençoados. Para aqueles que desejam servir O Senhor promete muitas bênçãos e alegrias. Para mim, Ele havia prometido especificamente que eu seria muito feliz nesse trabalho. Eu sempre ficava me perguntando por que Ele havia prometido isso para alguém que voltaria para casa mais cedo por depressão?
Dezembro de 2013. Janeiro e fevereiro de 2014. Em vários dias destes meses eu me peguei chorando - de felicidade! Não conseguia acreditar que eu era uma missionária de novo! Dessa vez sem todas as idealizações de antes e muito mais preparada pra receber aquelas bênçãos. Eu estava servindo e estava feliz! A promessa do Senhor para mim estava sendo cumprida! Muitas lágrimas, frustrações e luta em 5 longos e trabalhosos anos depois... De uma maneira que eu não esperava e que fez minha família a princípio duvidar de novo da minha sanidade mental.. Mas enfim estava cumprida!
(Uma última observação sobre essa história: na missão de curto prazo convivi com missionárias que me lembravam muito de mim mesma na primeira missão - sempre idealizando demais e sempre sentindo o peso insuportável de não saber lidar com as frustrações. Foi para mim uma bênção extra poder animá-las e garantir a elas o quanto O Senhor as amava e aceitava sua oferta. Elas cansaram de me ouvir dizer: "calma, Sister, vai ser bãoooo!" hehe).
Essa experiência pessoal me ensinou muito sobre frustrações. O quanto aprender a lidar com elas é parte essencial dessa vida. Isso me dá forças pra passar pelas semanas mais difíceis, as mais chatas, as mais frustrantes. Junto com isso, a missão também me ensinou uma ferramenta valiosíssima: PLANO B! C! D! E! o alfabeto é grande! hehe "The Unexpected life is no less a life" (Sister Oaks). Mesmo quando os dias, semanas, anos - a vida, não saem como o esperado, não significa que precisamos permanecer derrotados. Frustrar-se é normal, afundar na frustração é opcional e totalmente desnecessário (e aí sim, deprimente).
A Psicologia, O Evangelho e a experiência têm me mostrado o quanto é importante a gente preencher a nossa vida e buscar pelos recursos pra lidar com as frustrações e conseguir ser mais feliz. Essa semana eu tive uma tentativa de fazer algo diferente pra me ajudar a me sentir melhor. Não deu certo. kkkk Marquei uma aula experimental de jazz. Não sei porque, me deu na louca hahahah Estava animada. Encorajada pela minha amiga dançarina, Renatinha, estava esperançosa de que fosse ser um exercício físico divertido e bom para a minha saúde. Fiquei presa no trabalho, quando finalmente saí, não achava a escola de dança, sei que meia hora depois estava de volta para casa, planos de diversão e saúde frustrados pela noite. Descobri que no momento vai ser impossível encaixar algo assim nos meus horários. Frustrante, eu sei (é o tema do post, duuhhh hehe). Cotovelo e coração ainda doloridos, estava precisando tanto de algo diferente pra me animar. Meu plano B foi extremamente inesperado e bobo. Um site de estudar japonês que sou cadastrada me ofereceu um mês de graça. Assim, nas minhas folgas essa semana fiquei lá estudando japonês (outro sonho ainda não realizado na minha vida hehe). Me distraiu tanto. Foi ótimo! Não me deixou com o ritmo ou o corpo da Beyonce (como eu esperava que o jazz me colocasse mais perto de chegar kkkk). Mas pelo menos serviu para a busca dessa semana: me animar.
Outros planos B de vida apareceram em um simples jantar em família e me deixaram empolgadíssima.
E assim segue a vida, né, minha gente?! Sonhamos, idealizamos (de maneira saudável, faz parte) e muitas e muitas vezes nos frustramos. Mas aí outros caminhos vão se abrindo. A gente vai aprendendo. Um dia chegamos lá.
Que não sejamos imobilizados ou desanimados pelas frustrações do dia a dia, mas que essas mesmas frustrações nos façam enfrentar o medo, o tédio, as mágoas, as dores... que nos impulsionem, nos desafiem, nos motivem.
Uma ótima semana pra todos, obrigada mais uma vez para quem leu. Desculpe se ficou muito priscicológico ou viajado kkkkkk ah.. mas enfim... espero que sirva para alguém.
Até a próxima!
Oyasuminasai!
